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MEIO AMBIENTE

Sebastião Salgado morre aos 81 anos: fotógrafo deixa legado marcado pela defesa dos povos indígenas e da Amazônia

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O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado morreu nesta sexta-feira, 23 de maio de 2025, aos 81 anos, em Paris. Reconhecido mundialmente pelo trabalho em preto e branco que documentou questões sociais e ambientais, Salgado dedicou parte significativa de sua obra aos povos da Amazônia, com destaque para as comunidades indígenas do Acre, como os Ashaninka e os Yawanawa.

Seu trabalho mais recente relacionado à região foi registrado no livro Amazônia, lançado em 2021, resultado de sete anos de expedições pela floresta. “Eu vi que estava havendo uma predação imensa do território. Então resolvi, como brasileiro, abdicar alguns anos da minha vida para realizar um trabalho sobre o bioma amazônico”, disse o fotógrafo, em entrevista a CNN em 2022. Nesse projeto, Salgado dedicou atenção especial aos povos indígenas do Acre, como os Ashaninka e os Yawanawá. Em 2016, ele fotografou a comunidade Ashaninka no território Kampa do Rio Amônea, capturando retratos marcantes de líderes como Benki Piyãko e de mulheres com pinturas faciais tradicionais.

Entre as imagens mais icônicas está o retrato de Adão Yawanawá, usando um cocar de penas de águia, registrado na aldeia Nova Esperança, no Rio Gregório. Essas fotografias documentam a estética e a espiritualidade desses povos, também denunciam as ameaças que enfrentam, como o desmatamento e a perda de território. As imagens integram uma das últimas séries de sua carreira e foram amplamente divulgadas em exposições internacionais.

Além do trabalho fotográfico, Salgado se engajou na defesa ativa da floresta amazônica e de seus povos. Em 2021, ele se posicionou publicamente contra a proposta de construção de uma estrada ligando Cruzeiro do Sul (AC) a Pucallpa (Peru), que atravessaria o Parque Nacional da Serra do Divisor e territórios indígenas. Em publicação nas redes sociais, Salgado classificou a obra como um “plano criminoso” e uma “tragédia para toda a Amazônia”, alertando sobre os impactos negativos para a biodiversidade e para as comunidades indígenas.

Na ocasião, ele destacou: “Se construída, esta estrada, que corta o Parque Nacional da Serra do Divisor, seria um desastre para uma das regiões mais bem preservadas da Amazônia e teria consequências devastadoras para a população indígena que ali vive”.

O fotógrafo citou nominalmente os povos ameaçados pela construção: Puyanawa, Jaminawa, Nukini, Nawa, Ashaninka, Huni Kui, Kuntanawa e comunidades em isolamento voluntário. Segundo ele, a Bacia do Rio Juruá, também afetada pela obra, abriga uma das maiores concentrações de biodiversidade do planeta.

O ativismo de Salgado sempre esteve alinhado à sua fotografia. Seu trabalho sobre os Ashaninka e os Yawanawa não apenas documentou a estética e a cultura desses povos, mas buscou ampliar a conscientização sobre as ameaças à floresta e aos direitos indígenas. “Aqui está uma floresta que se estende até o infinito e contém um décimo de todas as espécies vivas de plantas e animais, o maior laboratório natural do mundo”, escreveu no prefácio do livro Amazônia,descrevendo a grandiosidade e importância ecológica da floresta amazônica.

MEIO AMBIENTE

Camada de ozônio deve se recuperar até meados do século, diz ONU

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A Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgou em 16 de setembro de 2025 um relatório que aponta trajetória de recuperação da camada de ozônio, com fechamento do buraco sobre a Antártida previsto para meados do século, 38 anos após a ratificação do Protocolo de Montréal por 198 países para eliminar substâncias destruidoras de ozônio.

Segundo a OMM, a implementação do acordo levou à eliminação de mais de 99% da produção e do consumo de compostos como CFC, CTC, HCFC e brometo de metila, reduzindo a degradação do ozônio estratosférico. A entidade afirma que, “como resultado, a camada de ozônio está agora a caminho da recuperação até meados do século XXI”, com expectativa de queda nos riscos à saúde e a ecossistemas associados à radiação ultravioleta.

Os dados do relatório registram que, no Ártico, a espessura do ozônio em março de 2024 ficou 14% acima da média observada entre 1960 e 2023; o período seguinte manteve níveis elevados, com redução estimada de cerca de 5% na radiação UV de verão no hemisfério norte. Na Antártida, a profundidade do buraco ficou abaixo da média de 1990 a 2020, indicador interpretado como sinal de recuperação, apesar de anomalias entre 2020 e 2023.

Em nota, o secretário-geral da ONU, António Guterres, qualificou o Protocolo de Montréal como “um marco do sucesso do multilateralismo” e afirmou: “Hoje, a camada de ozônio está se recuperando. Essa conquista nos lembra que, quando as nações atendem aos alertas da ciência, o progresso é possível.” A secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, destacou que a recuperação reflete um processo sustentado por colaboração internacional e compartilhamento de dados.

O histórico do problema e das respostas multilaterais inclui o primeiro alerta em 1975, a identificação do buraco antártico nos anos 1980, a Convenção de Viena (1985) e a assinatura do Protocolo de Montréal (1987). Em 1995, Mario Molina, Paul Crutzen e Sherry Rowland receberam o Nobel de Química por elucidar reações que explicam a destruição do ozônio em nuvens estratosféricas.

Especialistas ouvidos pela OMM apontam que a continuidade do monitoramento do ozônio estratosférico e dos substitutos dos compostos banidos segue necessária. Para Matt Tully, presidente do Grupo Consultivo Científico da OMM sobre Ozônio e Radiação UV Solar, o acompanhamento sistemático deve prosseguir para assegurar a consolidação dos resultados e prevenir novos riscos.

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MEIO AMBIENTE

Idesam lança Zôma para apoiar empreendedores na Amazônia

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O Idesam lançou a Zôma, iniciativa para co-criar negócios de base florestal com comunidades, pesquisadores e empresas, com anúncio publicado em 8 de setembro de 2025. A proposta atua na Amazônia para fortalecer cadeias da sociobiodiversidade, ampliar a geração de renda e integrar território e mercado, com abertura de termos de referência com prazos de envio em 17 e 22 de setembro de 2025.

Com mais de duas décadas de atuação na região, o instituto organiza a Zôma como um programa de criação de negócios que oferece assistência técnica, acesso a capital e conexão com mercados, operando em três frentes: comunidades, serviços para cadeias e agroindústria. O objetivo é estruturar empreendimentos desde a origem no território até a chegada ao mercado, atraindo investimentos e consolidando arranjos produtivos. “A Zôma nasce para ser uma geradora de negócios da floresta. Nosso papel é criar as condições para que empreendedores – comunitários, científicos ou de mercado – tenham acesso a capital, conhecimento e conexões estratégicas, transformando ideias em negócios estruturados e sustentáveis. Mas sabemos que negócios sozinhos não mudam realidades. Por isso, também atuamos para construir arranjos mais fortes entre o território, que oferece sua riqueza e diversidade, e o mercado, que traz demanda e escala, garantindo que a floresta em pé seja fonte de desenvolvimento”, afirma o Idesam.

Os primeiros Termos de Referência indicados para a iniciativa incluem as seleções para inteligência e teses de mercado e para consultoria voltada à elaboração do Manual de Interação com Comunidades, ambos com prazo em 17 de setembro de 2025, além de chamadas para análise de mercado e inteligência competitiva, mapeamento de percepções de inovação por lideranças comunitárias e avaliação jurídica do manual, na mesma data. Também estão abertas as seleções para facilitação em inovação e validação de prova de conceito e para consultoria jurídica especializada em inovação e biodiversidade para a chamada empreendedora internacional na Amazônia, com prazo em 22 de setembro de 2025. Os documentos estão disponíveis no site do Idesam.

O lançamento cria um canal para que empreendedores de diferentes perfis apresentem propostas vinculadas à nova economia de base florestal, com potencial de organizar fluxos de investimento e acelerar a formalização de negócios ligados à sociobiodiversidade. A integração entre apoio técnico, capital e acesso a mercados tende a impactar redes comunitárias e cadeias produtivas, reforçando mecanismos de governança entre atores locais e compradores, e estabelecendo critérios de relacionamento com comunidades desde a fase de concepção dos empreendimentos.

Confira: https://idesam.org/atuacao-geradora-de-negocios/

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Assessoria

Mais de 20 mil toneladas de lixo retirado: TCE-AC apresenta primeiros resultados do trabalho de recuperação do Igarapé São Francisco

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Na liderança de um esforço interinstitucional para recuperar a bacia do Igarapé São Francisco, o Tribunal de Contas do Acre (TCE-AC) apresentou, nesta terça-feira, 16, na sede da instituição, um painel com os primeiros resultados do trabalho.

O ato fez parte da programação do Mês da Amazônia na Corte de Contas. Servidores e membros do TCE-AC e Ministério Público de Contas (MPC-AC) além de órgãos estaduais, municipais e federais participaram.

O projeto é liderado pelo Grupo de Trabalho ‘Adjunto aos Cuidados do Igarapé São Francisco’ (GTACISF) criado em 2024 e reformulado neste ano.

De acordo com o coordenador do GT, Rômulo Eugênio, três Acordos de Cooperação Técnica foram assinados com a Universidade Federal do Acre (Ufac) para atuação nas áreas ambiental, de infraestrutura e de socioeconomia. O trabalho vai viabilizar estudos na região, incluindo o mapeamento da área, avaliação de riscos, proposição para recuperação da área de floresta, mapeamento do perfil socioeconômico, dentre outros.

Além disso, ressaltou que mais de 20 mil toneladas de lixo já foram retiradas em 2024 em trechos do Igarapé São Francisco, como resultado de esforços conjuntos com a Secretaria de Estado de Habitação e Urbanismo e a Prefeitura Municipal de Rio Branco.

“O mais importante é nós considerarmos que isso não é um trabalho isolado, pois, envolve a participação de muitas instituições do Poder Executivo e a própria Assembleia Legislativa do Acre. O propósito é a construção de um modelo de gestão ambiental que também conecta toda parte socioeconômica e de infraestrutura, que deve beneficiar as comunidades da bacia, então, pensando a respeito disso é que essa a visão integrada”, enfatizou.

Resposta a eventos climáticos extremos
A iniciativa surgiu originalmente como uma resposta aos eventos climáticos extremos que atingiram a área em 2021 e principalmente em 2023, quando uma enxurrada atingiu 27 bairros de Rio Branco afetando diretamente mais de 6 mil pessoas e mais de 70 mil indiretamente.

Os eventos provocaram danos ambientais, de infraestrutura e socioeconômicos. Os prejuízos ultrapassaram R$ 800 milhões.

“Hoje nós temos 29% de florestas e 61% de pastagens, então nosso grande desafio é propor áreas prioritárias para recuperação na bacia do Igarapé São Francisco que ajude a minimizar os eventos extremos de inundação na região”, explicou o professor de ecologia Fernando Augusto Schmidt, coordenador do GT Ambiental da Ufac.

Além da fiscalização tradicional
O projeto tem como meta contribuir para a recuperação das condições físicas e ambientais da bacia, reforçando sua resiliência, garantindo serviços ecossistêmicos e promovendo desenvolvimento sustentável e proteção social.

A atuação do TCE vai além da fiscalização tradicional. A instituição se posiciona como um agente indutor da formulação e execução de políticas públicas, promovendo a boa governança e a articulação entre as diversas entidades envolvidas.

“A gente vive aqui um momento de transição de um olhar meramente formal do gasto público, de comparativos se o gasto está certo ou errado e passa a olhar para a vida das pessoas, para o resultado [das políticas públicas]”, salientou o vice-presidente do TCE-AC, conselheiro Ronald Polanco, que atua como um dos coordenadores gerais do grupo em conjunto com as conselheiras Dulce Benício e Naluh Gouveia.

Eixos estratégicos

O GTACISF possui uma abordagem integrada e técnica, atuando em quatro eixos estratégicos:
•⁠ ⁠Ambiental: focado na proposição de ações que promovam a conservação e a recuperação dos ecossistemas e a sustentabilidade dos recursos;
•⁠ ⁠Infraestrutura: voltado ao mapeamento, avaliação e proposição da infraestrutura necessária;
•⁠ ⁠Socioeconômico: direcionado à proposição de políticas que fomentem a equidade e o bem-estar da população, geração de renda e o bem-estar das comunidades;
•⁠ ⁠Governança: responsável por orientar estrategicamente, motivando a integração genuína das instituições.

O projeto está alinhado ao Planejamento Estratégico do TCE e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. O TCE atua em conjunto com parceiros como a UFAC e diversas instituições do Poder Executivo, além do Poder Legislativo.

Atualmente fazem parte da parceria: Assembleia Legislativa, Coordenadorias Estadual e Municipal de Proteção e Defesa Civil, Embrapa, IBGE, Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), Ministério Público do Acre (MPAC), as Secretaria de Estado de Agricultura, Assistência Social e Direitos Humanos, Educação e Cultura, Fazenda, Meio Ambiente e Planejamento, além do Serviço de Água e Esgoto do Estado do Acre. Já as pastas ligadas a Prefeitura de Rio Branco que participam são: Meio Ambiente, Assistência Social e Direitos Humanos, Infraestrutura e Mobilidade Urbana e Sistema de Abastecimento de Água (Saerb).

A visão é construir um modelo de gestão ambiental e social integrada que beneficie milhares de vidas e proteja um ecossistema vital, trabalhando por um futuro de resiliência para a bacia.

Texto: Yuri Marcel Fotos: Nycolle Damacena

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